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- iG São Paulo
Coordenadora das investigações sobre a violência cometida no campo, Maria Rita Kehl planeja checar informações que considera importantes no relatório.
A análise sistemática do Relatório Figueiredo pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) deverá começar somente no segundo semestre, quando a psicanalista, Maria Rita Kehl, coordenadora das investigações sobre a violência praticada no campo se dedicará à análise da parte indígena das apurações. Nesse momento, ele está mais dedicada a apurar as violações de direitos humanos contra camponeses no período da ditadura militar.
“Tive que separar as duas investigações para me dedicar exclusivamente a uma e depois outra. O objetivo é ter uma visão mais sistematizada do que ocorreu”, disse a psicanalista.
A análise da parte indígena, ela acredita que deverá ter início em setembro. Até agora, um técnico da comissão foi designado para ler o documento que ficou desaparecido por 45 anos.
Maria Rita Kehl acredita que o documento terá muita importância para a investigação a ser feita, mas é importante que se entenda que é um documento “desigual” e por essa característica deverá ser necessária a realizações de investigações para checar histórias contadas pelo comandadas pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI).
Documento aponta convênio para exploração de terras indígenas no Mato Grosso do Sul. |
“É um documento amplo, muito extenso, uma vasta investigação realizada pelo procurador Jader Figueiredo para apurar denúncias de irregularidades no Serviço de Proteção ao Índio. É um relatório desigual e por isso é necessário que tenhamos o cuidado de analisa-lo porque muitas denúncias que podem estar ali podem ser fruto de intriga, outras não”, disse a psicanalista.
O relatório, que se julgava ter sido destruído em um incêndio no Ministério da Agricultura, em junho de 1967, foi encontrado intacto, no Museu do Índio, no Rio de Janeiro. O documento, a que o iG teve acesso, aponta o extermínio de tribos indígenas inteiras, métodos cruéis de tortura praticados contra índios, principalmente por interessados em suas terras e com o aval do Estado. As primeiras informações sobre a existência do relatório foram noticiadas, em abril, pelo jornal O Estado de Minas.
As torturas e as chacinas eram cometidas com o apoio do SPI, órgão criado em 1910, quando várias frentes de expansão avançavam para o interior do país. O SPI era ligado ao Ministério do Interior e funcionou até 1967, quando foi substituído pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
O documento leva o nome de seu autor, o procurador Jader de Figueiredo Correia, que morreu em um acidente de ônibus em 1976, aos 53 anos e aponta que o órgão que seria responsável por proteger os índios das violações deu aval para a violência cometida pelas chamadas “frentes civilizatórias”.
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