terça-feira, 14 de maio de 2013

Comissão da Verdade vai tratar do apoio de empresários à ditadura


Muito importantes as declarações do atual e da futura coordenadora da Comissão Nacional da Verdade (CNV), ex-ministro Paulo Sérgio Pinheiro e advogada Rosa Maria Cardoso, e o anúncio feito por eles de que serão convocados para depor os empresários vinculados à ditadura e que bancaram a repressão política.

A providência é fundamental para a complementação e o prosseguimento do trabalho da Comissão, principalmente neste momento em que ela completa - depois de amanhã - um ano de funcionamento. Historiadores, desde o fim da censura e quando o país se democratizou a partir de 1985, sempre apontaram a participação de empresários no financiamento da Operação Bandeirante, a OBAN, que resultou na montagem dos mais temidos centros de tortura do país, os DOI-CODIs, que funcionaram em muitos casos em instalações das Forças Armadas.

"Vamos chamar (empresários). Tem o elemento civil da ditadura. Hoje a academia chama (o regime) de 'ditadura civil-militar'. Então temos que falar desse elemento civil", destacou Rosa Cardoso. O que ela destaca é fato. Apesar de no geral falarem em ditadura militar, houve importantes segmentos empresariais civis que bancaram e financiaram a repressão do regime desde a sua instalação e, em muitos casos, desde antes, financiaram até atividades que levaram ao golpe de 1º de abril de 1964.

Não é mais só a 'tigrada', financiadores também terão de depor

"Não é a 'tigrada', que por conta própria matava e torturava. Todos têm sua responsabilidade", destacou o atual coordenador da CNV e ex-ministro de Direitos Humanos no governo FHC, Paulo Sérgio Pinheiro, ao falar sobre a convocação de empresários. Depois de amanhã, Pinheiro transmite a coordenação da Comissão a Rosa Cardoso.

A participação de empresários e de membros do Judiciário no golpe e sustentação do regime ditatorial foi lembrada por Pinheiro num ato, ontem, em que ele faz um balanço do 1º ano de trabalho da Comissão, empossada pela presidenta Dilma Roussef no dia 16 de maio de 2012.

Pinheiro adiantou que o relatório final da Comissão, cuja entrega foi inicialmente programada para 16 de maio de 2014, mas que poderá ter mais seis meses para a sua elaboração, será contundente e registrará a "cumplicidade de setores do Poder Judiciáro no encobrimento de crimes e vai reconstriuir a colaboração de empresas e empresários na manutenção do sistema paralelo de repressão articulados com as Forças Armadas".

Está certa a Comissão nessa sua decisão. Todos têm sua responsabilidade.

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