terça-feira, 24 de julho de 2012

Grupo Tortura Nunca Mais no Rio sofre invasão

Uma das maiores entidades do país na luta pelos direitos humanos, o Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM), teve sua sede no Rio invadida na última quinta-feira (19.07). As investigações continuam e contarão com o acompanhamento da Polícia Federal (PF).

“No dia 11, nós recebemos um telefonema de ameaça dizendo “isso aí vai acabar e nós vamos voltar”. No dia 19, quando nossa secretária chegou aqui, ela viu a janela aberta e todas as gavetas reviradas”, conta Victória Grabois, diretora do GTNM-RJ. Em face à ameaça e à invasão, foi feito um registro de ocorrência (RO) na polícia carioca.

Victória conta que a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) telefonou para a sede do Grupo e que ambas conversaram. Elas avaliaram a necessidade de a Polícia Federal (PF) acompanhar o caso. “Imediatamente ela conversou com o ministro Cardozo (Justiça)”, conta a diretora do GTNM-RJ.

Em nota, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos considerou o ataque inaceitável. “Mais grave se torna o fato diante da dedicação do grupo Tortura Nunca Mais à democracia e à recuperação histórica dos fatos ocorridos no Brasil durante a ditadura militar e no combate à tortura nos dias de hoje. Diante do momento que o País vive, de recuperação da memória e da verdade para afirmação da nossa democracia, consideramos fundamental que os episódios sejam rapidamente investigados e solucionados”, (Clique aqui e confira a íntegra da nota)

Projeto Clínico atende vítimas de violência

Durante o ataque, os invasores levaram dinheiro do caixa e documentos do Projeto Clínico Grupal, um trabalho realizado há vinte anos pelo GTNM. O Grupo, explica Victória, é uma entidade fundada há 27 anos que começou com pesquisas sobre as circunstâncias da morte e a localização de mortos e desaparecidos políticos no país, e também para lutar contra a impunidade e a violência.

“A partir de 1992, com financiamento das Nações Unidas e de outras instituições, o Grupo criou uma equipe clínica e multidisciplinar para atender as vítimas da violência do passado, como ex-presos políticos e familiares de mortos e desaparecidos. Mas, como o Estado brasileiro nunca teve uma política de saúde pública mental, nós atendemos hoje as vítimas de violência do Rio e até militantes de direitos humanos ameaçados de morte”, complementa Victória.

Sobre a ameaça recebida no último dia 11, a presidente do GTNM avalia que o Grupo sempre recebeu ameaças, “mas antes eles as mandavam por cartas. Agora, estão mais ‘sofisticados’”. Na sua visão, o episódio está ligado a todo o trabalho do Grupo ao longo desses 27 anos de luta contra a violência e contra a impunidade.

“E agora, com a Comissão da Verdade, nós estamos fazendo críticas por ela ser só Comissão da Verdade. Nós queremos uma Comissão da Verdade e da Justiça, para que essas pessoas sejam responsabilizadas. Isso deve estar incomodando”, complementa.

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